Bragança Paulista – Parabéns José Luiz Barbosa, o Zequinha, um dos melhores meio-fundistas da história do atletismo brasileiro e mundial. Zequinha comemora 60 anos nesta quinta-feira (27/05) e recebe os parabéns da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) e é personagem da série Aniversário, criada para homenagear os medalhistas olímpicos e em mundiais adultos.

“Os anos sempre tiveram dificuldades em acompanhar o Zequinha Barbosa. Hoje celebramos 60 anos de vida e 45 anos do corredor Zeca. Cresci, treinei e competi vendo o grande atleta se transformar do garoto magricela de pernas longas no mais consistente atleta da prova dos 800 m que o Brasil já teve ou talvez jamais terá. É só olhar o currículo esportivo dele”, comentou o campeão olímpico Joaquim Cruz, seu amigo e contemporâneo de pista no Brasil e em todo o mundo.

O depoimento de Joaquim, ouro em Los Angeles-1984 e prata em Seul-1988, confirma a importância do meio-fundista nascido na cidade de Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul, que teve desempenhos fantásticos na carreira e é reverenciado pela longevidade como corredor de alto nível. Ele ficou por uma década entre os 10 melhores do mundo, entre os anos 1980 e 1990, nos 800 m. Entre as suas inúmeras conquistas estão as medalhas de prata no Mundial de Tóquio-1991 e de bronze no Mundial de Roma-1987, além do ouro no Mundial Indoor de Indianápolis-1987 e da prata em Budapeste-1989, também em pista coberta.

Em Indianápolis, era a primeira vez que um brasileiro conquistava um título em um campeonato organizado pela World Athletics (antiga-IAAF). Em Jogos Pan-Americanos tem ainda o ouro nos 800 m em Mar Del Plata-1995, a prata em Caracas-1983 e em Indianápolis-1987 e no revezamento 4x400 m também em Caracas-1983.

Em toda a carreira, Zequinha correu 38 vezes os 800 m abaixo de 1:45.00, uma façanha e tanto. Em 1991, aos 30 anos, desafiando o calendário, ele conquistou seus melhores resultados. No Mundial de Tóquio, ganhou a medalha de prata. Em Rieti, na Itália, fez 1:43.08, o melhor tempo pessoal e terminou o ano como o número um no Ranking Mundial.

Além de tudo isso, ele foi finalista olímpico duas vezes: 6º colocado nos Jogos de Seul-1988, e quarto lugar em Barcelona-1992, chegando muito perto do pódio. Em 1985, foi campeão do IAAF Grand Prix, o equivalente hoje à Liga Diamante.

Na longa carreira competiu com duas gerações de atletas e correu nove anos seguidos abaixo da marca de 1:45.00. A carreira de Zequinha começou a deslanchar em 1980, aos 19 anos. Três anos depois, em junho de 1983, fez o melhor tempo do ano dos 800 m, no Troféu Brasil, no Ibirapuera: 1:44.3 (cronometragem manual). Uma marca tão forte que permaneceu como recorde do torneio até agosto de 2011. Quem a superou 28 anos depois foi Kleberson Davide, com 1:44.21.

Em dezembro de 1983, na cidade de Eugene, nos Estados Unidos, Zequinha passou a treinar com Luiz Alberto de Oliveira, ao lado de Joaquim Cruz e Agberto Guimarães, até 1997. Tinha 1,86 m, 68 kg e 4% de gordura no corpo e competiu 14 anos com grande regularidade e longevidade.

Foi o quinto filho de seis irmãos de Livaneta Araújo Barbosa, a “Titita”, e Ezequiel Clementino Barbosa. Sob a orientação do professor de Educação Física Paulo Rocha, participou de sua primeira prova de atletismo em uma competição colegial, em 1972. Em Três Lagoas ainda teve os professores Milton Marino, o Tó, e José da Silva.

Passou a treinar em Araçatuba (SP), com José dos Santos Primo. Competiu por Guarulhos, também em São Paulo, em 1979, e foi colega de alguns dos maiores nomes do atletismo da época, como João Carlos de Oliveira, o João do Pulo, então recordista mundial do salto triplo. A partir de dezembro de 1983 e até o fim da carreira treinou com Luiz Alberto de Oliveira, no grupo de Joaquim e Agberto nos Estados Unidos.

Lá casou-se e separou-se, mas da união com Laura Loeser, teve duas filhas – Nathalia Lynn e Casey Anna, que sempre viveram em San Diego, na Califórnia, com a mãe.

Zequinha voltou ao Brasil, viveu entre São Paulo e Campo Grande por algum tempo, mas resolveu retornar aos EUA, onde trabalhou como preparador físico do ala-armador Leandrinho Barbosa, uma das estrelas brasileiras da NBA.

Sua despedida do atletismo foi em 5 de agosto de 2000, aos 39 anos, no Troféu Brasil, no Estádio Célio de Barros, no Rio de Janeiro. Deixou as pistas e atuou no Instituto Zequinha Barbosa Correndo pela Vida, em Campo Grande. Hoje Zequinha é treinador de atletismo da Universidade de Davis, em Sacramento, capital da Califórnia.

“Em nome da Confederação Brasileira de Atletismo gostaria de saudar o brilhante atleta Zequinha Barbosa nesta data em que comemora 60 anos. É um gigante do atletismo brasileiro, com quatro medalhas em Mundiais. Tive o prazer o conhecer o Zequinha logo no início de minha jornada no esporte, em 1983, e já acompanhava os confronto do trio de ouro do meio-fundo brasileiro, com Zequinha, Agberto e Joaquim Cruz”, comentou o presidente do Conselho de Administração da CBAt, Wlamir Motta Campos. “Zequinha, como a maioria dos atletas do atletismo nacional, tem uma origem humilde e conseguiu construir o seu futuro através do esporte e hoje é treinador da Universidade de Davis. Respeito demais a história dele sempre em defesa dos atletas. Meus comprimentos por tudo que o Zequinha fez pelo atletismo nacional e mundial. Tenho grande orgulho de ser amigo do Zequinha Barbosa.”

A Prevent Senior Sports é patrocinadora do atletismo brasileiro para a entidade gestora do esporte e os atletas brasileiros, visando a saúde integral dos indivíduos e apoio às competições.