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O menino de São Joaquim da Barra, interior de São Paulo, que começou no atletismo aos 14 anos, brilhou no Mundial de Tóquio - conquistou a medalha de prata, a 18ª na história do atletismo brasileiro em Mundiais.
Alison dos Santos ganha sua segunda medalha em Mundiais
(foto: Fernanda Paradizo/CBAt)
O menino tímido, que escondia as queimaduras no couro cabeludo, mais uma vez brilhou desinibido em um grande palco: dessa vez, desfilou pela pista do Estádio Nacional de Tóquio com trancinhas no cabelo para ganhar mais uma medalha em Mundiais.
Alison dos Santos (Pinheiros-SP), o Piu, de 25 anos, é o vice-campeão (46.84) dos 400 metros com barreiras do Mundial de Tóquio, de volta ao palco em que conquistou sua primeira medalha olímpica, em 2021. A coleção de conquistas relevantes só aumenta, e o prêmio desta sexta-feira (19/9) se une à medalha de ouro do Mundial de Eugene-2022 e os dois bronzes olímpicos (Tóquio-2020 e Paris-2024). Também foi a 18ª medalha do Brasil em Mundiais.
O norte-americano Rai Benjamin ficou com a medalha de ouro (46.52), e Abderrahman Samba, do Catar, com o bronze (47.06).
Alison – que virou Piu no atletismo, mas é Teco para a família – começou no atletismo em um projeto social do Instituto Edson Luciano Ribeiro, em São Joaquim da Barra, interior de São Paulo, descoberto pela técnica Ana Cláudia Fidélis. Demorou quatro meses para ir, incentivado por um amigo que já treinava.
A demora se justificava pela timidez de Alison. Com apenas 10 meses de vida, foi vítima de um acidente doméstico – engatinhou até o fogão, onde tinha uma panela de óleo quente, que caiu sobre ele. O acidente causou queimaduras de terceiro grau na cabeça e em parte da testa, no braço e nas costas. Por isso, passou a usar boné, como forma de esconder as cicatrizes.
Incentivado pelo amigo, Alison (que já fazia judô), foi para a pista. Tinha 14 anos, media 1,85 m – adulto, chegou aos atuais 2,00 m. Sua primeira competição foi o Brasileiro Sub-16, no qual correu com uma touca amarela, emprestada por um colega. Conquistou uma medalha nos 300 metros com barreiras e tudo mudou.
Piu passou a frequentar o pódio em competições estaduais e nacionais. Em 2017, integrou a seleção brasileira em sua primeira grande competição, o Mundial Sub-18 de Nairóbi, no Quênia. Foi campeão do revezamento 4x400 metros misto. No fim do mesmo ano, deixou São Joaquim da Barra para morar em São Paulo e treinar com Felipe de Siqueira no Pinheiros.
Em 2018, Alison correu os 400 metros com barreiras pela primeira vez abaixo dos 50 segundos, quando foi bronze no Mundial Sub-20 de Tampere, na Finlândia, com 49.78. Sua ascensão continuou em 2019, quando bateu sete vezes o recorde brasileiro e sul-americano sub-20. Líder do ranking mundial da categoria, venceu os Jogos Pan-Americanos de Lima e foi finalista do Mundial adulto de Doha – foi 7º colocado, com 48.28, índice para a Olimpíada de Tóquio.
Depois da pandemia de 2020, quando não competiu, Alison fez em 2021 sua primeira temporada como adulto. Foi uma sequência de resultados impressionante: quebrou seis vezes o recorde sul-americano, correu oito vezes a prova abaixo dos 48 segundos – uma delas, justamente a que garantiu a medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de Tóquio, com 46.72.
Em 2022, a evolução continuou. Era ano de Mundial, e o barreirista e seu técnico fizeram uma excelente preparação. Alison não competiu na temporada em pista coberta e chegou invicto ao Mundial de Eugene. Na final, marcou 46.29, novo recorde sul-americano. Terminou a temporada também com o título da Liga Diamante, o principal circuito de provas do atletismo – ele venceu os 400 metros com barreiras nas sete etapas realizadas.
A temporada de 2023 foi prejudicada por uma lesão sofrida em fevereiro. Alison treinava em São Paulo e, durante um alongamento, sentiu o joelho direito. Confirmada a lesão e a necessidade de procedimento cirúrgico fez uma artroscopia. Voltou a competir em julho, em duas etapas da Liga Diamante. Mas chegou ao Mundial de Budapeste sem ritmo de competição, e terminou em 5º, com 48.10.
Qualificado para a Olimpíada de Paris-2024, Piu se mudou para os Estados Unidos, junto com seu treinador. Toda a preparação foi realizada em sua nova base, Clermont, na Flórida, onde treina no National Training Center. Alison conquistou boas marcas e muitas vitórias em 2024 - além da medalha olímpica foi bicampeão da Diamond League.
Em 2025, chegou ao Mundial de Tóquio com a terceira melhor marca do mundo no ano, 46.65, conquistada na etapa de Eugene da Diamond League, em 5 de julho. Nesta temporada, além das etapas do principal circuito da World Athletics, também participou de provas do Grand Slam Track, correndo os 400 metros, além de duas novas distâncias nas barreiras: 200 e 300 metros.
Ficha técnica
Alison Brendom Alves dos Santos
Data e local de nascimento - 3/6/2000 - São Joaquim da Barra (SP)
Treinador - Felipe de Siqueira
Clube - Pinheiros (SP)
Recorde pessoal - 46.29 - 19/7/2022 - Eugene (EUA), recorde brasileiro e sul-americano
Títulos - 1 x campeão Mundial, 1 x prata em Mundial, 2 x campeão da Diamond League, 2 x medalha de bronze em Olimpíadas, 1 x campeão pan-americano
Principais títulos
1º lugar - 400 m com barreiras - Mundial de Eugene-2022
1º lugar - 400 m com barreiras - Final da Diamond League-2022
1º lugar - 400 m com barreiras - Jogos Pan-Americanos de Lima-2019
1º lugar - 4x400 m misto - Mundial Sub-18 Nairóbi-2017
2º lugar - 400 m com barreiras - Mundial de Tóquio-2025
2º lugar - 4x400 m misto - Mundial de Revezamento da Silésia-2021
3º lugar - 400 m com barreiras - Olimpíada de Paris-2024
3º lugar - 400 m com barreiras - Olimpíada de Tóquio-2020
3º lugar - 400 m com barreiras - Mundial Sub-20 Tampere-2018
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Publicado pela Plataforma SGE da Bigmidia - Gestão Esportiva com Tecnologia
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